Enquanto um empresário de 63 anos almoçava com a família em um restaurante da zona sul da Capital, às 14h deste sábado, sua Mercedes-Benz S500 voava por ruas próximas. No interior do veículo, dois manobristas desfrutavam da sensação de andar em um carrão importado.
O empresário estava havia cerca de meia hora no Riversides Madero, na Avenida Wenceslau Escobar, quando o gerente se aproximou e deu a notícia que estragaria o fim de semana:
— O manobrista bateu o seu carro.
A primeira reação do proprietário, que pediu para ter o nome preservado, foi achar que se tratava de pegadinha.
— Não. É verdade — assegurou o funcionário do restaurante.
O dono da Mercedes manteve a calma. Ao chegar, deixara o carro no estacionamento do local, quase vazio. Um manobrista pedira para ficar com a chave. O empresário imaginou um pequeno arranhão, causado enquanto os carros dos clientes eram manobrados. Mas quando chegou ao pátio, seu carro não estava lá.
— O que é isso? Cadê meu carro?
— O manobrista bateu ele na Wenceslau Escobar — teria dito o gerente.
— E o que ele estava fazendo lá?
— Infelizmente, em vez de deixar o carro aqui, ele foi dar uma volta. Deu perda total — disse o gerente, conforme o relato do empresário.
No local da colisão, o dono da Mercedes deparou com uma cena aterradora. O carro, ano 2009, com apenas 20 mil quilômetros rodados, estava destroçado. Havia batido com violência em um Classic e voara contra uma pizzaria, arrasando o deque de madeira onde o estabelecimento serve clientes. Por sorte, ninguém ficou ferido.
Condutor teria ido "dar uma voltinha"
Na hora e local do acidente, aglomeravam-se policiais, agentes de trânsito e curiosos. Maximiano Guimarães Machado apresentou-se como o manobrista na direção.
— Na DP, o manobrista que estava no carro como passageiro contou que eles tinham ido até a Otto Niemeyer dar uma voltinha — relatou o empresário.
O motorista do Classic, o aposentado Reinaldo Kunsler Filho, atravessava a Wenceslau Escobar para ingressar na Rua Dr. Barcelos quando foi atingido:
— Olhei e não vinha carro nenhum. Na hora, nem soube o que estava acontecendo.
O dono da pizzaria, Gabriel Starosta, 29 anos, ficou revoltado:
— É inacreditável que alguém pegue um carro com uma potência dessas, que não é seu, e vá testar o motor em uma avenida movimentada como esta — criticou.
O restaurante não forneceu contatos do manobrista.
Foto: Carlos Macedo / Agência RBS